QUEM SOU

MEU PERCURSO

Com mais de meio século de vida.
Trabalhei muito e fiz de tudo um pouco,
Tanta canseira, tanta dor e lida,
Noite após dia, num esforço louco.

Fui trolha, motorista, fui pastor,
Fui camponês, fui viajor, talhante,
Até de livros já fui vendedor
E sei bem o que é ser fabricante…

Meu corpo e alma são de um operário,
Fui magarefe, sim, e balconista,
Trabalhei muito, sempre sem horário,

Corri, corri estradas sem ter fim,
Sozinho, solitário motorista…
Tomara que nem sempre fosse assim!

Bom…

Quando alguém me pergunta quem sou, costumo dizer que sou, além de sonhador crónico e romântico, também sou um apaixonado. Apaixonado pelo amor, pela vida, pela natureza e pelo mar

O mar…
Gosto de olhar a plenitude do mar, imenso, forte, de vislumbrar as belezas da maré cheia, de observar as ondas naquele vaivém sem fim… Quem ousa dizer que o mar não é lindo? Às vezes cruel, mas sempre imenso e belo.

Fascina-me esse ondular manso ou alteroso, cruel e bondoso que chora de mágoa e de dor pela vida áspera do pescador que sobre as suas ondas com ardor procura o pão de cada dia… ousando conhecê-lo, desafiá-lo, para além do horizonte.

Como cristão praticante e convicto, gosto de olhar a criação de Deus. Que alegria observar a minúscula planta, a inestética lagarta – imaginando-a já transformada na mais linda borboleta. Agradeço a Deus a dádiva da vida e o grande amor que a todo o instante nos dedica. Entendo-O através da Sua dádiva na cruz, mas também nos detalhes mais ínfimos de cada flor. Sinto-O no perfume das flores e das plantas, no chilreal do melro e da cotovia, encontro-O ao fim da tarde, ao pôr-do-sol, à noite, no brilho do luar… Como é bom olhar a lua e as estrelas sem fim, perdidas no Universo além do infinito, dos outros mundos que um dia, junto a Si, eu quero ver…

Gosto de passear, de ler, mergulhar nos segredos de um clássico, percorrer as páginas de um contemporâneo. E descobrir o sentimento dos poetas: Bocage, Florbela, Camões, Herculano, tantos outros, ó Deus... Correr página a página, primeiro, a Bíblia Sagrada, depois, ir desvendando os génios de Camilo, de Torga, Virgílio Ferreira, Lobo Antunes, enfim, tantos e tantos que não consigo enumera-los.

Se me identifico com alguma coisa, dou o meu melhor em prol dela, com alegria, sempre com aquela paixão que me caracteriza.

A minha maior ambição é sempre encontrar o equilíbrio entre o ter e o ser, esperando que a lua brilhe sobre todos sem excepção. Guardo um carinho especial pelos órfãos, os solitários e desprotegidos que vivem entre as brumas mais devassas da vida com que o dia-a-dia os crucifica, desfazendo muitas vezes seus sonhos mais íntimos. Quem dera que, conseguissem rasgar as fraldas do seu Himalaia e mergulhassem no infinito, alcançando o céu da sua almejada esperança.

Ai como é bom o convívio e a amizade das pessoas! Entristece-me a maldade, a indiferença, a deslealdade, o abuso das crianças no trabalho, na guerra. Como era bom se tivesse o condão de minorar o sofrimento dos mais necessitados.

Não gosto da solidão, na praia ou na montanha. Quer na companhia de um livro, cantarolando ou apenas ouvindo o chilreal das aves, gosto de partilhar esses momentos lindos com alguém, um familiar, um amigo, um desconhecido. Simplesmente alguém.

A minha maior aventura é a alegria dos outros; a minha maior necessidade é a expressão dos momentos que marcam os meus sonhos; a minha maior satisfação é ter sempre uma mão amiga, ao meu lado, conversando, quantas vezes em silêncio, silêncio cúmplice, partilhado, vivido. A nossa vida é feita de montanhas, montanhas de problemas que temos de escalar, de vencer com fé, com perseverança e paciência, pois só com estas, as conseguimos remover.

Quando me apercebo que a vida me quer submergir, paro, aguardo pacientemente, até que o rio regresse ao seu leito, se recate na opressão das suas margens… Depois, passada a tempestade, sacudo o pó, com carinho, junto os cacos que restaram e, lentamente, diligentemente, vou restaurando pedaço por pedaço o jarro dos meus sonhos, reerguendo projectos, prosseguindo no caminho da vida.

Afinal, sou só um homem como todos os outros, um homem que persiste em sonhar, que acredita que o mundo pode ser melhor…, apenas com um gesto, um gesto de amor.

Luis Abisague

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