BORMELA
Parem as águas no leito do rio
Tão desejosas por chegar ao mar…
Acalme-se o calor no alto estio
Para que o mundo possa festejar
Parem os ventos no alto dos montes
E finde o seu constante murmurar
E sequem-se por fim todas as fontes
Para que as águas deixem de jorrar
Parem também os velhos e os mais novos
O seu cruel, frenético lidar
E venham gentes de todos os povos
Com rubro cravo ao peito na lapela,
Nessa jornada linda contemplar
As doces maravilhas de Bormela
MINHA PARTIDA
No dia vinte e quatro desse Maio,
De mil novecentos e sessenta e nove,
Como se fosse um grito, um desmaio
Cansado desse meu viver tão pobre
Daquela aldeia, nos confins do Minho,
Oculta entre os céus, atrás dos montes,
Parti um dia e fui no meu caminho
Em busca de outras águas, outras fontes.
Na ânsia de encontrar água mais pura
Que saciasse a sede de ventura,
Galguei por terra e terra sem parar.
Levei na mente essa paisagem bela
Dos campos e dos montes de Bormela
Que um dia, triste eu deixei ficar
MINHA ALDEIA
Bormela, tão ditosa, aldeia minha,
Rebento desse meu torrão natal,
Que importa se és humilde, pequenina
Se para mim és grande, sem igual.
Se foi outrora raiva o que senti,
Por nas tuas entranhas ter nascido,
Um dia, enraivecido, descobri
Que tudo o que sofri não faz sentido.
E nunca mais pisei esse teu solo!
Agora, sinto falta desse colo,
Formoso que gozava no caminho…
E agora, não sei bem quando será,
Eu sonho despertar num amanhã
Em que possa abraçar-te com carinho…
SAUDADE DE BORMELA
Aos poucos foi brotando em mim a ideia
De um dia ver nascer melhor semente…
E fui-me embora dessa doce aldeia
Que agora me parece tão diferente.
Sonhei partir, queria ser feliz,
Ir pelo mundo fora à aventura
Levando só os sonhos de petiz,
Nessa mochila cheia de ternura….
Umas vezes madrasta outras mãe
A vida foi-me dando o que pedi
E muitas vezes o melhor que tem
Mas durante estes anos descobri
De tudo aquilo que recebi dela
O pior foi a saudade de Bormela
ATEI
Relembro os homens tristes que partiram,
Com sonhos de encontrar vida melhor.
E só mais tarde, tristes, descobriram
Que só Atei lhe dava um grande amor.
E dia-a-dia nesse amor pensaram,
Mas não puderam nunca lá voltar
E nessas terras tristes definharam
Ao ver seu lindo sonho naufragar.
gora, a vida dura ali os prende,
Os sonhos, já ninguém os compreende,
Nenhum voltou com as messes que colheu
E quando lhes aperta o coração,
Buscam no ar o odor dessa paixão
Gritando: Atei, Atei, aqui estou eu.
CAVALEIRO ANDANTE
Eu sou um triste cavaleiro andante
Nascido lá na aldeia de Bormela,
Um dia fui-me embora, vagueante,
Tentando descobrir a terra bela.
Deleite p’ra meu pobre coração
Busquei, calcorreando pelo mundo,
Dormi no chão, com pedras por colchão,
Como se fosse um reles vagabundo.
De terra em terra eu fui, rua após rua
Eu percorri tristonho, só, ferido.
E abracei o sol, o mar e a lua…
E nessa caminhada sem ter fim,
Eu fui parar ao norte, ao Reino Unido,
Tão longe das montanhas de Mondim.
Nasci em Bormela, um lugar da Freguesia de Atei, do Concelho de Mondim
de Basto, “lá na fronteira de Entre Douro e Minho”, “a
perfeita simbiose do verde aglutinador com espasmo vertiginosos do Marão
petrificado. Aqui os horizontes ganham mais profundidade e os próprios
homens parecem assumir a telúrica dimensão dos elementos que
os rodeiam. Tentada pelos gorjeios melodiosos de um turismo promissor, a
vila de Mondim de Basto, sede de Concelho, além de preservar a zona
histórica mais antiga, equipou-se de uma zona residencial e comercial
moderna, servida por largas avenidas e jardins envolventes.
Ponto de partida para as visitas ao resto do Concelho, dispõe de
uma oferta de apoio ao turismo assinalável: residenciais modernas,
um parque de campismo, casas de turismo no espaço rural, restaurantes,
uma zona de lazer, pavilhão gimno-desportivo, campo de ténis,
piscinas e um espaço para jogos tradicionais.
Um dos símbolos mais conhecidos do Concelho é o Monte Farinha,
no topo do qual se ergue a Capela de Nossa Senhora da Graça. Miguel
Torga, na sua passagem pelo nosso Monte descreveu assim o que lhe ia na
alma:
"Empoleirado neste miradouro, solto os olhos por metade de Portugal.
Montes, rios e vales edémicos, genesíacos, como que acabados
de sair das mãos do Criador. A natureza na sua primitiva decência,
desabitada, limpa de toda a mácula humana. Nem sequer tocada pelo
mesmo pasmo de quem a contempla."
Património Natural
Concelho marcado pela zona do vale do Tâmega e pela zona de montanha,
desdobra-se em constantes locais paradisíacos e estradas de contemplação
panorâmica, acompanhados por um tecido vivo de riachos e ribeiros
a deslumbrar o visitante.
Aqui, o Parque Natural do Alvão assume a sua pujança e engloba
os seus principais valores Patrimoniais - as imponentes cascatas das Fisgas,
do rio Ôlo, cravadas no Maciço Xistoso de Ermelo, são
um monumento natural de importância relevante.
O Artesanato e a Etnografia
O artesanato e a etnografia ganham dimensão relevante, definidos
pela própria geografia física que condiciona a adulteração.
Dois centros de artesanato, perpetuam o saber milenário das tecedeiras
de linho, estopa e tapetes.
Também os tamanqueiros, os cesteiros e os canteiros, mantêm
vivos os usos, costumes e tradições da nossa gente.
Gastronomia
A produção pecuária tem nos caprinos e na raça
bovina autóctone maronesa, a sua máxima expressão.
A ela, está intimamente ligada a gastronomia autêntica. Vitela
assada e cabrito, de carne tenra e saborosa. As trutas, os fumeiros, o pão-de-ló
e as cavacas são também convites irrecusáveis.
São também conhecidas as qualidades dos excelentes vinhos
verdes localmente produzidos: os brancos, leves e frescos para acompanhar
os pratos de peixe e os tintos, companhia indispensável para os pratos
de carne.
Património Cultural
Também, a herança, o legado, a memória dos nossos antepassados
aqui se conserva, no seio da maravilhosa paisagem em que viveram, como testemunho
ancestral da nossa identidade colectiva.
Das mais remotas eras, aqui temos o menhir da Pedra Alta, o povoado Celta
do Castroeiro, ou tantos outros achados que a Carta Arqueológica
do Concelho revela em locais de nome pronunciativo, como a Anta, as Rexeiras,
os Palhaços, a Caínha, ou a Cevídaia.
Por todo o lado são visíveis, ainda hoje, inscrições
dos séc. XVII, XVIII e XIX, gravadas no granito de fontanários,
capelas, igrejas ou outros edifícios, memorizando factos e nomes
a eles ligados e ajudando os estudiosos e turistas a compreenderem a nossa
história.
Um Monumento Nacional, Ponte Romana sobre o rio Cabril em Bromela, e vários
monumentos classificados como de Interesse Nacional ou de Interesse Concelhio,
como a Ponte Romana do Ôlo, Capela do Senhor, Casa dos Azevedos Mourões
e o Pelourinho de Ermelo consubstanciam o interesse do património
construído em Mondim de Basto.
História, arte, etnografia, gastronomia e paisagens indescritíveis,
esperam para ser saboreadas religiosamente, por si que vai agradecer ao
tempo ter pousado em Mondim de Basto tanto que noutros lugares já
se consumiu irremediavelmente”.