"Ao Homem foi-lhe dado o direito de sonhar.
Foi-lhe dado o direito de suplantar a tristeza pela alegria, a distância pela saudade, a solidão pela amizade.
O homem conquistou o direito de ser Poeta, de transformar, como por
magia, o sonho em realidade.
O Homem consegue mesmo criar asas nas palavras e fá-las voar
contra o
vento do interesse terreno.
Luís Abisague semeou palavras com asas, neste livro, e voamos
para
terras de emigração com elas ou flutuamos sobre uma infância
agreste,
que apesar de tudo não deixa de nos levar a momentos de ilusão.
São palavras que exprimem desejos de possuir a lua quando não
há pão,
de voar quando não há asas, de estar em casa quando está
longe, ou
seja, ser Homem em todas as dimensões, querer sempre mais sem
parar.
Mas descobrir, como qualquer homem, que não deve acreditar em
ilusões
e que é apenas um poeta a fingir.
Também se respira um certo espiritualismo de alguém que
se quer
identificar com o seu Deus “que sejas Tu somente o meu modelo”,
um
Deus que traça o destino “ o caminho que traçaste
para mim…”, um Deus
que perdoa “ Pai meu, não lhe imputes este pecado”,
um Deus que o faz
“Mensageiro da Sua Paz”.
São palavras que percorrem uma vida, da infância rica
de ilusões à
idade da descoberta de ser apenas o que é: “… somente
uma pessoa, que
quer ser amada”.
São palavras de um diálogo constante com o outro(a) que
não está a seu
lado, que não dá pelo seu sofrimento, que lhe paga com
ingratidão,
transformando esse diálogo imaginário num monologo “
coisa que jamais
conseguirás ler”, “ disseste que estás disponível”.
Luís Abisague teve um sonho, criou um terreno só e nele
semeou
palavras munidas de asas e desejos de poemas. Nesta caminhada de
sacrifícios, não deixa de saltar obstáculos, quer
continuar a sonhar
(ideia que atravessa todo o livro) e a nós cabe a tarefa mais
fácil:
Ser Amigo como ele sempre sonhou (sem lucro).
Dr. Luís Diamantino de Carvalho Baptista
Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa
de Varzim
PREFÁCIO
Uma vez mais, Luís Abisague nos surpreende com um livro de
poemas,
quantos deles escritos longe da sua terra, onde a saudade e a vontade
de regresso ao lar estão patentes.
Sonhos Flutuantes, de novo as sensações de sofrimento,
de solidão, as
réstias de esperança que não perde – não
pode perder.
De realçar, sobretudo, o cuidado dado no tratamento dos seus
poemas,
que, comparativamente com a sua primeira experiência – ARCO
ÍRIS,
denota um esforço no aperfeiçoamento da técnica
e do domínio das
palavras, mas, muito mais do que isso, nas imagens poéticas que
traduz
nos seus escritos, muitas delas emboídas duma doçura assaz,
aqui e ali
ocultando essa imagem de amargura da distância, convivendo com
outros
amigos mais novos a quem – palavras suas - estende o seu manto
paternal (como se não estivéssemos na presença
de um jovem...).
O certo é que, de novo, a coragem de viver uma vida à
sua maneira, de
transmitir aos outros as suas sensações, de partilhar
os seus momentos
mais íntimos, de porfiar com uma sociedade que se refugia entre
si, o
medo e a apatia, ele aqui está desafiando os sentimentos que
nos fazem
viver em cada dia.
Estes poemas, loucos, talvez, quiçá carregados duma sabedoria
popular
que lhe é transmitida pela filosofia da vida – da sua vida
- são quais
pétalas de rosas, carregadas de espinhos a gritarem para todos
nós
como que tentando despertar-nos para este estranho mundo em que
vivemos.
Leiam-no, devorem-no até sentirem o desejo de bem breve poderem
reencontrá-lo neste louca aventura de querer ser poeta.
J. Luís Sepúlveda
EX.MOS SENHORES
Como é do conhecimento de V.as Ex.as, realizou-se na
Biblioteca Municipal, da Póvoa de Varzim, no passado dia 18 de
Dezembro de 1999; a apresentação e lançamento,
livro “Sonhos
Flutuantes”; o segundo livro de Luís Abisague. Em noite
de casa
cheia, uma plateia atenta e bem-disposta, ficou a conhecer um pouco
melhor, a vida do homem e do poeta. A apresentação do
homem ficou a
cargo do autor do prefácio J. Luís Sepúlveda e
do Poeta, a cargo do
vereador Dr. Luís Diamantino. Confessando-se surpreendidos, por
tão
agradável surpresa, teceram infindos elogios, onde destacaram
a
coragem e persistência do autor, a sua maneira simples e humilde
de
viver, modo de custear a edição, (editado pelos seus próprios
meios).
Embora o Dr. Luís Diamantino em representação da
Câmara, dissesse que,
se o autor tivesse pedido apoio, esta com agrado tê-lo-ia dado.
O Senhor Francisco Mesquita, Presidente do Circulo Católico
e
Operário de Vila do Conde, e a Poetisa Poveira Albina Dias, brindaram
a assistência com a sublime recitação de alguns
poemas do livro
apresentado. Por fim, o Dr. Luís Diamantino, revelou-se mais
uma vez,
ser homem para toda obra, ao recitar divinamente um poema do mesmo
livro. Livro que é um suave vaguear por sons melodiosos,
materializados numa linguagem simples matizada, aqui e além,
de léxico
erudito, mas acessível a todas as almas sensíveis à
poesia.
“ Na esteira de Bocage ou Florbela, o autor canta!, ou plange?,
a dor da vida experimentada. Contudo, há uma tentativa constante
de se
libertar de todo o azedume vivencial. Por isso, o “Sonho...”
flutua
pela felicidade da infância ou pela amargura de uma juventude
sofrida
que nunca começou. Flutuando pela desilusão que a materialista
realidade lhe traz, o poeta deixa escapar vagas enormes de esperanças.
Luís Abisague trilha paulatinamente os caminhos da “
tristeza
após tristeza”, mas, mesmo aí, não deixa
de vislumbrar “ Sublimes
sendas de esperança”. Esta vontade de viver livre do grilhão
da dor
leva-o a pedir “ao Deus do infinito/ Que faça dessa rosa
o meu viver”.
Apesar da tristeza vivida, e bebida na inspiração dos
nossos
grandes líricos do passado, não se apagam no poeta, as
“fantasias” que
há-de transportar “ nas asas do condor”.
Agora querendo recriar-se com uns momentos de suave poesia pode
procurá-lo nas livrarias pensamos ser um
bom presente de Natal.
Rodrigues